terça-feira, 17 de março de 2009

TER QUE TER RAZÃO



No processo de comunicação, quer na área organizacional, educacional, familiar ou de casal, o fenômeno TER RAZÃO é o fator de maior destrutividade e se constitui numa das grandes catástrofes na existência dos homens.
Quando percebemos que duas pessoas estão lenta e determinadamente destruindo a sua relação, que todo afeto, carinho e reconhecimento começou a se quebrar, podemos imaginar que o TER RAZÃO está destruindo a comunicação dessas pessoas.
Para melhor compreender isto, temos que entender que o TER RAZÃO pode ser de dois tipos:
1 - A pessoa acredita que tem razão sem realmente ter;
2 - A pessoa acredita que tem razão e realmente tem.
Para o processo de destruição da comunicação é secundário que a pessoa tenha ou não razão. O importante é que ela exerça o TER RAZÃO para obrigar o outro a submeter-se à razão que ela tem.
Também não é suficiente que ela apenas pense que tem razão, é necessário que o outro aceite a sua razão.
TER RAZÃO dá à pessoa o poder para que ela se imponha sobre as demais.
Quando uma pessoa se relaciona através do TER RAZÃO, procura permanentemente mostrar as falhas (reais ou inexistentes) do outro, de forma a gerar nele a insegurança.
A pessoa que assume o lugar do “incorreto”, normalmente, reage de acordo com a seguinte seqüência:
Primeiro se submete;
Depois sente raiva;
Depois reage; e.
Por último, faz ocultamentos (oculta o que pensa, sente e faz).
É bastante comum e destrutivo, numa relação deste tipo, a pessoa que ocupa o lugar do “correto” dizer: ”Viu como eu tinha razão?”; “Bem que eu lhe avisei!”; “Eu lhe disse!”.
Quando uma pessoa tem necessidade de TER QUE TER RAZÃO, a compulsão de exigir que o outro se submeta é praticamente arrasadora.
As mulheres fazem com os homens; os homens com as mulheres; os pais com os filhos; os educadores com os educandos; os chefes com os subordinados; a secretária com o chefe, etc.
Ao se investir nisto, somente se consegue que o outro perca a sua habilidade, a sua eficiência, pois, durante o tempo todo ele estará sendo levado a reconhecer a sua falha e a se submeter, seguindo daí a seqüência acima.
O TER QUE TER RAZÃO desfaz organizações (familiares ou de trabalho). Um líder que não permite aos seus liderados ocuparem o lugar do “correto”, está rompendo a fidelidade e a credibilidade do grupo, e, isto leva os participantes a ocultar, a não dar todas as informações, a guardar as informações para si mesmos, a mentir, porque passam a viver o contexto de uma relação paranoide.
Diante do exposto, podemos nos dar conta de que o TER RAZÃO é uma desnecessária exigência que não produz soluções construtivas e que o TER QUE TER RAZÃO é uma maneira destrutiva de submeter o outro, sendo absolutamente secundário, sem qualquer importância, o fato de se ter ou não razão.
De alguma forma o TER QUE TER RAZÃO anula ou evita o contato com o outro, e, o relacionamento atinge seu nível mais baixo quando as pessoas discutem RAZÃO. Quem procura RAZÃO, dificilmente encontrará SOLUÇÃO.
A catástrofe se torna maior quando alguém pensa que está errado (ocupa o lugar do “incorreto”). Se pensa assim, significa que a pessoa que tem razão tem poder sobre ele. E, quanto mais RAZÃO tiver essa pessoa, mais equivocado estará o outro. Quanto mais equivocado, menos direito terá; menor capacidade de reação; mais inadequação; maior comprometimento e incapacitação no seu “fazer”.
Daí, ser importante que você possa se dar conta de que, se está numa relação deste modelo, você está em real perigo mental ou emocional.
Quando uma pessoa que está sempre certa convive com outra que está sempre errada, seria mais decente que a que nunca falha saísse da relação e buscasse alguém igual a ela. A razão pela qual ela não sai é porque os erros da outra pessoa ocultam os seus próprios erros.
Cada um tem o direito de recuperar a sua capacidade de poder estar certo, e não pode permitir que outra pessoa lhe coloque no lugar do incorreto. Se você permite que isto aconteça, está se colocando em um beco sem saída, a menos que corte a relação.
Uma maneira eficaz de se lidar com uma pessoa que quer ter sempre razão, é dar-lhe razão sem se submeter, sem ocupar o lugar do “incorreto”, recusando a partir daí o propósito da discussão, sem a necessidade de ser explícito.

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